e nisto das profissões, como em tantas coisas na vida, há preconceitos que parecem nunca acabar. há aquelas profissões em que são os homens em maioria e aquelas em que são as mulheres a dominar as percentagens. então, se temos uma mulher camionista ou mecânica ou algo desse género, há juízos de valor, tal como um estilista é conotado de forma errada também. e a vida é assim. e é assim há algum tempo e parece que vai continuar assim. mas a mim custa-me assistir a isso.
e custa-me ainda mais ouvir a minha mãe dizer que a profissão de fotojornalista é para homens. que não vê mulheres nisso, nas confusões, nos incêndios (sair de casa à uma da manhã para fotografar um incêndio é coisa de menino - ou homem, vá). e são coisas que me custam ouvir, não consigo fazer com que ela perceba, compreenda e aceite, que é isto que gosto de fazer. que gosto de sentir a adrenalina de ir fotografar um incêndio, uma manifestação em que voam pedras, ou outra coisa qualquer. contar histórias, mostrar realidades, que não têm hora nem sítio certo para acontecer. isto não quer dizer que eu pondere sequer voltar atrás no que quero, mas fica sempre aquele nó na garganta..
e numa altura em que estou de férias forçadas (no desemprego, mas sem subsídio porque nem a isso tenho direito), pensar nisto tem um significado maior. como diz o menino no anúncio de tv: "era um sonho que eu tinha..."