hoje não vou pôr nenhuma foto (fica para amanhã) mas vou deixar aqui um desabafo.
ir fotografar uma entrevista. o entrevistado está por volta de uma hora a conversar com o redactor enquanto nós tiramos umas fotos também. no fim da entrevista dizemos:
- ok.. agora são as fotografias.
- ah, mas não tirou já? ah, já chega.
- ah não. então tem de olhar um pouco para mim também.
- hmm então vá rápido. não gosto nada que me tirem fotografias.
- então pode sentar-se nesta cadeira? aqui tem uma luz melhor.
- ok.. pronto. já está?
- ah, não é justo. então esteve tanto tempo a conversar com a minha colega e para mim só tem 2 minutos? não é justo.
- já tirou muitas fotos. isso já chega. vá, só mais uma.
- hmm pronto ok.
[diálogo baseado em factos verídicos mas com uma entoação delicada. sem haver má-educação de nenhuma das partes.]
e é assim. e acontece tanto. e quando dizemos que temos 2 minutos para fotografar às vezes é mesmo isso (ou 4, como neste caso). e durante esses escassos minutos por vezes ainda está o redactor a conversar com o entrevistado. e nós ali a fazer sinais para que a pessoa nos dê atenção e o seu olhar. outras vezes temos tempo mas não temos luz. outras vezes temos tempo, luz e não temos o à-vontade do modelo. enfim.. é uma equação com demasiadas variáveis. mas a do tempo chateia e causa alguma frustração. não é justo.
5 comentários:
:) Tadinha da minha menina...
E vais a ver, quando a entrevista saí, são mais os que olham para a tua foto do que os que lêem a entrevista...
:)
margarida,
sim sim. era tb para escrever isso. as pessoas nestas situações não pensam nisso mas é bem verdade.
devem ser muitas as pessoas que só vêem as fotos e não lêem os textos. ou então tb deve haver quem leia ou não o texto dependendo da foto. é ela que tem maior destaque.
vá.. desta vez não ficou má, apesar do pouco tempo, mas.. e se ficasse?
Se ficasse usava-se uma foto feia e aí o entrevistado(a) iria perceber a importância da foto.
:P
É terrível o não-reconhecimento que profissões como as nossas por vezes têm. Mas ainda acalento a esperança de que mude.
Sara, são os contratempos e a capacidade que temos em ultrapassá-los que nos fazem crescer e ser cada vez melhores. No final de contas, conseguiste um bom retrato, certo? ;) Mas entendo-te perfeitamente e sugiro que, quando saires para fazer trabalhos idênticos, fala com o jornalista antes, tenho a certeza que ele entenderá e irá guardar mais uns minutos para que possa fotografar o entrevistado. Quanto ao resto, só tens de olhar a pessoa nos olhos e colocá-la sem medo da máquina e de ti ;)
Tens de ter em conta que as pessoas que nao estao no meio nao percebem muito bem ate que ponto o papel do fotojornalista ou do repórter de imagem é ingrato (e extremamente importante). É frustrante, mas há que tirar partido destas situaçoes, porque hás-de conseguir responder mais facilmenete aos eventos completamente espontâneos e imprevisívelís com que te hás-de deparar milhentas vezes.
Enviar um comentário