© sara matos
Estamos perto da ruptura. Combustíveis e bens alimentares escasseiam.
Parece que os camionistas resolveram mostrar que têm impacto no nosso dia-a-dia. O resultado está à vista. Não tenho muito mais a dizer a não ser: a greve até pode ser um direito de todos, mas não acho de deva ser um dever. Acho vergonhoso que sejam apedrejados camiões por não aderirem à greve.
Mas em dia de jogo de futebol, quem se preocupa com estas questões? O país parou a meio da tarde, sim. Mas para ver o jogo da selecção. A foto é do Parque Eduardo VII.
© sara matos
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4 comentários:
Está! está tudo doido!
nós somos seres incríveis, incríveis digo-te!
Absolutamente extraordinários!
Mas olha que o povo esqueceu logo a escassez quando a nossa selecção ganhou! E hoje as coisas vão voltar à normalidade.
Isto não passa de um capítulo (bem obscuro, por sinal) deste já muito atribulado ano.
Bless 'em!
:)
É verdade! Portugal atravessa uma crise social (muito para além da questão económica) sem precendentes. Contra as expectativas de todos, os camionistas conseguiram mesmo provocar "mossa" um pouco por todo o país. Entretanto já desmobilizaram a paralisação. (E entretanto a Galp aproveitou para aumentar mais um cêntimo por cada litro de combustível.) Mas o caso não encerra aqui (penso eu). Ficamos à espera da reacção dos outros sectores... (Já se falam de "movimentações" no sector agrícola.)
Quanto ao jogo de ontem deixo aqui os meus parabéns à selecção portuguesa. Haja alguma coisa que vá "animando" o país. (Independentemente dos mais críticos, estas "seasons" provocadas pelos jogos da selecção das quinas trazem sempre uma "lufada de ar fresco" ao quotidiano soturno dos portugueses.)
P.S.: É curioso constatar que os piquetes da paralisação dos camionistas também fizeram uma "pausa" para apoiar a selecção e durante 90 minutos "deram tréguas" às manifestações bárbaras que, na minha opinião, foram exageradas.
Entre as 17h e as 19h o país de facto paralisou.
(Acho que nunca fiz um comentário tão extenso no teu blog.) :-)
Marcos Melo
Apesar de tudo, não considero que o apoio à selecção actue como forma de alienação (desde que não levado ao exagero). É quase uma tentativa desesperada de nos agarrarmos a algo que nos suscite orgulho no nosso país. Porque, fora isso, não temos muitos mais exemplos... E tenho pena. Acho que tinhamos tudo para sermos diferentes. Um dos grandes problemas de Portugal é a falta de produtividade. Porque é que lá fora somos tão bons e tão elogiados como trabalhadores e cá dentro produzimos tão pouco? Temos empregos muito mal remunerados, é verdade, mas vivemos a cultura do "encosta", que reproduzimos a partir do que vemos nos que gerem e nos que governam. Porque, digam o que disserem, são eles que devem dar o exemplo.
Bem, e aí tenho de ser mais critica em relação ao futebol... no segundo jogo do euro, que foi transmitido ás 17h da tarde, várias empresas, repartições, etc, etc ficaram vazias porque foi toda a gente ver o jogo. Entramos no exagero. Não acredito que este tipo de atitude vingue nos países nórdicos, por exemplo. E é este espírito que não nos permite evoluir e responder de forma mais sustentada à crise imensa que nos afecta (e que tem tantos rostos).
Penso que podemos estar a entrar num perigoso periodo de ruptura. A greve dos camionistas já demonstrou como o caos se pode instalar tão facilmente. Repudio totalmente a forma como alguns camionistas foram obrigados a "aderir" à greve, mas a verdade é que foi um sinal de aviso. Já estivemos mais longe do estado das coisas que, em útlima instância, leva à anarquia. Vale-nos sermos (na generalidade) um povo pacífico...
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